SÓ PARA LOUCOS!
Passamos o réveillon mais espetacular de nossas vidas em São Thomé das Letras, esta jóia encravada no alto de uma montanha, a 1440 metros de altitude, no sul do estado de Minas Gerais. Decidimos ir para lá porque a resolução de viajar no Ano Novo veio somente em meados de novembro, quando todas as pousadas em lugares litorâneos já estavam com os preços nos píncaros da obscenidade. Pensei então: por que não fazer o caminho inverso e ir para a serra? E São Thomé estava na minha lista de desejos desde que consigo me lembrar.
Cheguei a pensar que poderíamos não encontrar absolutamente nada na cidade e acabaríamos em um réveillon morno, no melhor estilo "mais ou menos". Nada mais longe da realidade. A cidade estava lotada, lotada de gente alternativa! A cidade inteira parece uma gigantesca colônia alternativa, aliás. A gente escuta falar sobre o misticismo do lugar e pensa que isso é coisa do comércio turístico ou, no máximo, de uma meia dúzia de doidos que se drogam no alto de um morro para depois jurar ter visto um OVNI. Mas não, o lugar inteiro é talhado numa aura de misticismo exuberante e as pessoas, principalmente as que moram no local, são mesmo especialmente diferentes. Eu nunca vi uma gente mais simpática, agradável e solícita. Fomos bem atendidos em todos os lugares em que estivemos. Isso para não falar no gosto musical... Exceto um ou outro infeliz, que só podia estar ali perdido, e dentro do próprio carro, em São Thomé não se escuta funk nem pagode em parte alguma. Apenas reggae de ótima qualidade e rock, muito rock. Para se ter uma ideia, logo na chegada fomos recepcionados por Guns N'Roses, na praça da Matriz.
Se isso, todavia, faz pensar que São Thomé é uma região de tribo única, esqueçam. Havia quase todo tipo de gente lá, menos gente normal. Talvez fosse mais certo dizer que São Thomé é uma região para todas as tribos loucas, como já diz a canção de Ventania, o mais ilustre morador da cidade. Havia metaleiros, punks, góticos, hippies, a galera do reggae, praticamente todo tipo de gente, convivendo em perfeita harmonia, o que é de se espantar. Imaginem que com tanta gente de tribos tão diferentes bebendo, e bebendo pra caramba, não houve uma só briga, uma só confusão.
Fora isso, as pessoas saem na rua vestidas como bem entendem. Se você tiver um estilo bem doido e estiver cansado de receber olhares tortos na rua, São Thomé é o lugar perfeito pra você. Ali, quase toda loucura - desde que saudável - é normal!
A cidade inteira cheira a incenso e maconha. Vindo de cada casa, da porta de cada comércio, mesmo dos vários Rock Bares que existem, exala o suave perfume das varetinhas indianas. E a maconha, que num primeiro momento talvez pudesse causar espanto, está, ali, inserida num contexto totalmente diferente. Não existe tráfico na cidade, nem drogas pesadas, apenas a maconha. E até mesmo pessoas da terceira idade, os "vozinhos" do lugar, fumam um baseado de vez em quando, com a erva colhida no próprio quintal. A maconha parece se vestir de uma aura mística também. Como o famoso chá de cogumelos, outra iguaria alucinógena da região, ela está ligada a uma ideia de paz, harmonia e integração com a natureza.
Outra coisa que se deve dizer sobre São Thomé é que o tempo ali não corre como nos outros lugares. Em nenhum sentido. Cronologicamente falando, os dias parecem muito maiores. Em um dia você consegue fazer coisas que aqui, certamente, levariam três. O tempo cronológico passa, perceptível e inexplicavelmente, bem mais devagar. Quanto ao tempo meteorológico, eu nunca vi coisa mais doida! Num momento, o dia está lindo e ensolarado. No momento seguinte, aparece uma nuvem sabe-se lá de onde e começa uma chuva, mas uma chuva torrencial! Minutos depois, a chuva acabou e o céu está lindo outra vez. Essa saga, ali, repete-se várias vezes em um mesmo dia.
A cidade tem muitos mistérios, a começar pelas lendas que cercam o seu surgimento. A ladeira do amendoim, onde, sem que se tenha podido, até hoje, achar uma explicação, os carros parados e desengrenados sobem ao invés de descer... E a caverna do Carimbado, que, diz-se, termina em Machu Picchu, no Peru! Em certa ocasião, o exército brasileiro, a fim de colocar termo ao mistério, entrou na caverna com lanternas e provisões, decido a encontrar o fim e mapear os túneis. Andaram por quinze dias lá dentro, as provisões acabaram e eles tiveram de voltar... Hoje a gruta está interditada, segundo ouvimos, por conta das explosões nas pedreiras ao redor.
Em suma, não nos arrependemos nem um pouco de ter ido para lá! Como de costume, eu colocaria algumas das muitas fotos que fizemos em um álbum do Facebook, mas foram tantas as histórias que ouvimos e as experiências que vivemos, que achei mais produtivo fazer um post aqui no Blog mesmo. Vamos às fotos!
A aventura começou ainda na viagem de ida, quando, no meio do caminho, o carro pifou. Chegamos a pensar em desistir e voltar para casa, mas a vida me ensinou que quando queremos muito alguma coisa e as circunstâncias parecem conspirar contra, é porque devemos insistir. Assim, contra todas as expectativas, seguimos viagem de ônibus e chegamos algumas horas depois do previsto. No caminho de ônibus para São Thomé, passamos por muitos e imensos milharais. Eu me lembrei de um amigo, que nos tinha dito que ali se praticava muita magia negra, e, brincando, disse ao Fábio que esperava que o ônibus não quebrasse, pois não queria acabar servindo de sacrifício ao "Senhor da Colheita" (para a molecada que não entendeu, essa foi uma referência ao filme A Colheita Maldita).
Mais tarde, já na cidade, durante um passeio turístico, eu falei sobre isso à nossa guia, a adorável Marcela Diniz, e ela me disse que, em se tratando de São Thomé, a coisa estava mais para A Colheita Feliz! kkkkkk É que nessa época do ano acontece a colheita do cogumelo, que é um dos símbolos da cidade. Desde que chegamos, eu o vi em toda parte: nas esculturas feitas com pedras da região, nas estampas das camisas, nas letras das canções... Achei que fosse troça, mas não. Ali existe mesmo um cogumelo azul, que nasce somente naquela região, na bosta no boi zebu. Nem preciso dizer que é desse cogumelo que se faz o tal chá, não é? kkkkkk
Durante o nosso passeio mesmo, graças à Marcela, tivemos a sorte de encontrar um e fotografamos para vocês.
A lenda em torno da origem da cidade é muito interessante e já virou até filme! Conta-se que, no século XVIII, um grande senhor de fazendas chamado João Francisco Junqueira surpreendeu, em um encontro furtivo com sua irmã, a sinhazinha, o escravo João Antão. João Antão, sem ter outra escolha, fugiu e se escondeu na montanha das letras, que tinha esse nome por causa de uma gruta em que, na parte de fora, há misteriosas pinturas rupestres que se parecem com letras. Passado algum tempo, apareceu na gruta um senhor vestido de luz e entregou ao escravo analfabeto um bilhete a ser entregue ao Capitão João Francisco Junqueira. Segundo a aparição, João Antão seria perdoado assim que o bilhete estivesse nas mãos do capitão.
O escravo obedeceu e tão logo leu o bilhete endereçado a ele, João Francisco Junqueira pediu ao escravo João Antão que o levasse até o local onde havia se encontrado com aquele misterioso senhor. João Antão obedeceu e, dentro da gruta da montanha das letras, eles encontraram uma imagem rústica de São Tomé.
O capitão, então, tal como a aparição previra, perdoou João Antão e levou a imagem para a fazenda. Mas, segundo se diz, ela sempre desaparecia, para ser novamente encontrada dentro da gruta na montanha das letras.
O capitão, então, mandou erguer uma capela dentro da gruta. Anos mais tarde, seu filho mais velho, Gabriel Junqueira, o Barão de Alfenas, mandou erguer a igreja ao lado da gruta, que existe até hoje, dando origem ao povoado de São Thomé das Letras.
A entrada da gruta onde, no século XVIII, foi encontrada a imagem rústica de São Thomé.
Dentro da gruta, há um altar onde ainda se pode ver a imagem de São Thomé. Ignoro se é a verdadeira, embora ache que não. Mas confesso que me senti prestigiado por encontrar no altar também uma imagem de Santa Sarah. É como se a cidade estivesse me dando as boas vindas. Descobri, aliás, que há ciganos em São Thomé!
A saída da gruta de São Thomé.
A Igreja Matriz, que fica ao lado da gruta!
As letras misteriosas ainda podem ser vistas, numa grande pedra plana, do lado de fora da gruta.
A escultura abaixo fica na Praça da Matriz, ao lado da igreja, e representa o escravo João Antão recebendo o bilhete das mãos de São Tomé. No fundo, na parede de pedra, é possível ver uma reprodução das pinturas rupestres que se parecem com letras.
Aqui um link para o site do filme que conta a lenda da origem da cidade:
O filme estreou no último dia 24 de dezembro, na própria Praça da Matriz. Foi inteiramente filmado nas localidades de São Thomé das Letras e no elenco há vários moradores da cidade. Conheci ao menos um deles pessoalmente, o simpático Argeu Lucca, que é descendente de guaranis.
Abaixo, o coreto na Praça da Matriz, uma característica de todas as cidades que conheço do interior mineiro.
A cidade de São Thomé inteira parece ficar sobre uma imensa jazida de quartzito rochoso. A extração dessas pedras se constitui na principal fonte de renda da cidade e as pedras São Thomé são famosas no Brasil inteiro pela sua qualidade e beleza singular. Aqui no Rio de Janeiro, pedras São Thomé revestem, por exemplo, o chão da praça Mauá e do Parque Lage, no Jardim Botânico.
Lá na cidade, essas pedras revestem as ruas e uma grande parte das casas locais, conferindo-lhes um aspecto ainda mais singular e pitoresco.
No Parque Municipal Antônio Rosa a galera costuma se reunir. Aos pés do morro, há três bares de rock super badalados e nas pedras que se pode observar nessas fotos acontecem inúmeras rodinhas de violão! Os caras cantam bem pacas e o repertório costuma ser impecável! É muito fácil fazer amigos em São Thomé! Aqui também nos reunimos para acompanhar a queima de fogos da virada, que nada deixou a dever à Copacabana! Esse morro ficou lotado!
Uma vista da cidade, do alto das pedras do Parque Antonio Rosa. Por elas se dá para ter uma vaga noção da altitude em que nos encontrávamos! Começamos o ano de Zeus como eles dizem em São Thomé, "tão longe do mar, tão perto do céu"!
Uma vista de uma das inumeráveis pedreiras da região. Vistas no mapa aéreo, elas parecem imensos pontos opalinos!
Essas formações rochosas, semelhantes a montinhos de pedra empilhadas, estão por toda parte e são perfeitas Hermas (antigos altares de Hermes que ficavam nas estradas).
A Casa da Pirâmide fica num dos pontos mais altos da cidade e a galera se reúne ali para ver o verdadeiro espetáculo que é o pôr do sol em São Thomé! Tivemos a sorte de escutar Wish You Were Here, do Pink Floyd, ao vivo, enquanto desfrutávamos dessa delícia... Esse momento foi muito especial!
Parte da vista que se tem da Pirâmide.
Aqui eu estava em uma espécie de mirante natural, que existe ao lado da Casa da Pirâmide. Estava me sentindo no topo do mundo e saldei o grande Zeus com o coração cheio de emoção!
Ainda na Pirâmide, uma vista da cidade em pleno anoitecer!
Aqui podemos ver vários ângulos do Alcázar, um Rock Bar muito irado que mais parece um castelo medieval! O Alcázar também é um excelente restaurante e nele acontece uma das festas de réveillon mais badaladas da cidade! O dono se chama Mohamed e não foge à regra em São Thomé - é a simpatia em pessoa!
A Igreja do Rosário, toda feita de pedra. Ela parece mais antiga que a Matriz, mas não é.
Vista noturna da rua que passa ao lado da Praça da Matriz e separa a Gruta de São Thomé da igreja.
Esta é a vista que se tem de uma das esquinas de São Thomé, perto da pousada em que ficamos hospedados. Novamente, dá para se ter uma ideia da imensa altitude da cidade.
Encontramos essa riquezinha no início de nosso passeio guiado, escondida no meio de um tufo de capim... Tem como não se apaixonar?
Nossa guia (é importante não se aventurar pelos caminhos de São Thomé sem um guia, pessoal, ao menos de primeira... Pode ser perigoso!) no passeio turístico foi a Marcela Diniz, da Pousada Matriz, que é uma gracinha de pessoa! Ela nos levou ás grutas e eu pude realizar o sonho infantil de explorar uma caverna! Além disso, com ela conhecemos algumas das muitas - e belíssimas - cachoeiras de São Thomé!
Aqui embaixo podemos ver a entrada da gruta de Sobradinho.
Nascentes de água cristalina que correm por todo o interior das cavernas me fizeram lembrar de Perséfone, a Rainha do Submundo. Acho que esse lugar tem um babado forte de Perséfone... De Perséfone e de Zeus. Fábio, oportunamente, me fez lembrar que do casamento de Zeus e Perséfone nasce Dionísio Zagreu. Dionísio tem tudo a ver com São Thomé!
Na entrada de praticamente todas as grutas e cachoeiras se pode ler mensagens como esta. É importante lembrar que, em São Thomé, todas as grutas e cachoeiras estão situadas em áreas particulares, mas os donos não cobram absolutamente nada para que possamos visitar e tomar banho nas cachoeiras... Faz parte do espírito da cidade essa consciência de que, na verdade, não somos donos de coisa alguma.
Aqui se pode ver a Marcela nos indicando o poço escuro que é a entrada da gruta. São vinte minutos de caminhada na mais completa - e molhada - escuridão. Amei!
Na saída da caverna, somos presenteados com uma piscina natural, formada pela cachoeira do Sobradinho. Foi o primeiro banho do dia! Vou dizer uma coisa a vocês - voltamos de lá com as baterias completamente recarregadas!
O Lago das Esmeraldas. Esse lago tem uma história interessante, ele não existia... Simplesmente surgiu, um dia, depois de uma explosão nas pedreiras próximas. Ele parece uma praia de água doce, é uma delícia de tomar banho. Além disso, de acordo com o humor da natureza, suas águas podem se apresentar de um verde intenso, como o da foto, ou de um azul celestial, que infelizmente não conseguimos ver.
A entrada, ou melhor, uma das entradas da Gruta do Labirinto. Ela tem esse nome porque tem sete entradas diferentes, com corredores que se cruzam lá dentro. Alguns deles não levam a lugar nenhum!
Aqui, uma bifurcação.
Essa plaquinha fica na entrada na Cachoeira da Lua. A Cachoeira da Lua tem esse nome porque, segundo nos contaram, em noites claras de lua cheia a lua se reflete em suas águas, o que deve criar um verdadeiro cenário de sonho! Essa placa foi colocada pelo pessoal do Bar da Lua, uma galera wiccan e muito gente boa! Eles fazem uma comida gostosa e super barata, ideal para recuperar as forças antes de continuar o passeio! Na parte de baixo, que por alguma razão desconhecida foi apagada, estava escrito: "não sabe se defender, mas sabe se vingar como ninguém!"
Encontramos a cigana vendendo seus brincos na entrada da cachoeira! A filhinha dela é uma graça!
No interior do Bar da Lua, uma área para música ao vivo no melhor estilo São Thomé das Letras. Esses abajures em forma de pirâmide são todos feitos com as pedras do próprio local.
A cachoeira, curiosamente, tem formato circular, como se pode ter uma ideia por essa foto aí embaixo. Nela, colocaram essa corda amarrada no galho de uma árvore alta. O pessoal se pendura na corda, igual ao Tarzan, e se joga no meio da cachoeira. É muito legal!
No caminho para outras cachoeiras, encontramos a chácara da Fundação Harmonia e eu fiquei curiosíssimo para conhecer o lugar. Eles têm uma visita guiada pelo interior da chácara, que é, em si mesma, um verdadeiro ponto turístico por causa de tudo de lindo e curioso que existe ali. São Thomé é também - e como não poderia deixar de ser - um lugar para o encontro de muitas crenças. Existem ali místicos de todos os tipos, astrólogos, tarólogos, wiccans, pessoal do Santo Daime, Xamãs, Umbanda, um núcleo da Eubiose, enfim, toda a sorte de espiritualidade e gente feliz.
A Chácara da Fundação Harmonia, que é também uma pousada (pretendemos nos hospedar ali em uma próxima ocasião), oferece palestras, vivências, terapias alternativas e restaurantes ovolactovegetarianos. A coisa funciona como uma espécie de comunidade alternativa que deu certo. Ali moram e trabalham cerca de 23 pessoas, pelo que ficamos sabendo, e são todos muito simpáticos, educados e divertidos. Todas as construções e esculturas do local foram feitas pelo próprio pessoal de lá.
Ártemis e Apolo ficam cada um em um dos lados da entrada da Torre Apolo, onde fica parte das acomodações dos hóspedes.
Essa representação de Nut é qualquer coisa de espetacular! Ela representa o feminino e fica diante do santuário que representa o masculino, em forma de falo. Entre os dois, há um milharal. Essas representações são absolutamente familiares para nós.
No caminho de terra batida para as cachoeiras, uma grande placa indica as direções e distâncias para diversos lugares. Deem só uma sacada nos nomes!
Cachoeira da Eubiose.
Cachoeira do Flávio. Essa foi a cachoeira de que mais gostamos, tanto que voltamos lá, a pé, no dia seguinte. Nove quilômetros de caminhada, nos quais ainda fomos abençoados com a primeira chuva do ano. Sensacional!
Cachoeira Paraíso.
Cachoeira Véu de Noiva. Esta cachoeira é a coisa mais linda e grandiosa de se ver!
Para chegar até ela, um pouco de aventura!
Na noite da virada, em frente à Igreja da Matriz.
Tentamos fotografar a multidão que estava reunida, esperando a queima de fogos no morro de pedra do parque Antonio Rosa, mas a lente da câmera não é potente o bastante para reproduzir a grandiosidade de tudo o que vimos. Pelas fotos abaixo dá para se fazer apenas uma ideia, mas mal havia espaço para andar no meio das pessoas.
A queima de fogos foi um verdadeiro presente da prefeitura. Durou cerca de vinte e cinco minutos que pareciam não ter fim. Quando a gente pensava que tinha acabado e começava a aplaudir, eles recomeçavam o espetáculo de cores no céu. Novamente, as fotos não fazem jus à beleza do que vimos, mas estão aí para que se possa imaginar como foi.
Depois dos fogos, a festa continuou. Rodas de violão no morro de pedra e música eletrônica na Praça da Matriz a noite inteira. Nós já estávamos exaustos e a cidade não fazia qualquer menção de ir dormir. Houve música, dança e bebedeira até quase o dia clarear!
Esta é a porta de uma das casas, para que se possa fazer uma ideia da vibe da cidade.
Fotografei também algumas lojas, restaurantes e pousadas, porque eles ajudam a formar uma ideia da atmosfera mística que permeia São Thomé e está por toda parte.
Sobre o comércio, aliás, ouvi e li aqui na internet que, por causa do grande volume de turistas dessa época do ano, os preços subiam absurdamente, ao ponto de um shampoo que normalmente custaria cerca de seis reais numa farmácia ou supermercado passar a custar doze... Devo dizer que não vi nada disso. Os preços são super acessíveis. É possível comer bem pagando muito pouco, as lojas de artesanato cobram realmente muito barato e o lugar é ótimo para se comprar roupas, sobretudo roupas indianas e acessórios de rock. De todas as minhas andanças, algumas coisas eu só encontrei lá, coisas exclusivas mesmo, e posso dizer que, em relação à bagagem que levei, voltei com um volume consideravelmente maior.
A Fundação Harmonia também conta com uma lojinha de esotéricos no Centro da cidade, uma lojinha incrível, diga-se de passagem! Fica bem pertinho da Praça da Matriz.
Os chapéus de bruxa são outro símbolo da cidade. Juntamente com vassouras de palha e apanhadores de sonhos, eles estão por toda parte, em todas as lojas. Aqui o Fábio encontrou um chapéu de gnomo! kkkkkk Artigo raro, do tipo que quase não se vê!
A única coisa que se encontra mais que chapéus pontudos, vassouras de bruxa e apanhadores de sonhos é artesanato feito com as pedras do local. Os abajures em forma de pirâmide, ou imitando discos voadores são os meus preferidos.
A Pedra da Bruxa, um dos pontos turísticos com a melhor vista da cidade. Aos pés dela existe uma grande área para camping...
E um monumento ao extraterrestre desconhecido! kkkkkk
É claro que eu não deixaria de tirar uma foto no disco voador, não é?
No último dia da viajem, em cima do morro de pedra, no Parque Antonio Rosa. Essa foto se tornou a lembrança mais querida de nossa viagem. A felicidade estampada em nossos rostos dispensa palavras!
Na rodoviária, esperando o ônibus para voltar para casa. Estávamos bastante cansados e já com saudades de São Thomé, mas ainda no clima.
Aqui, já dentro do ônibus. Particularmente, gostei demais desta foto. Acho que nossas expressões sintetizam perfeitamente o clima e o temperamento da gente de São Thomé. Você pensou na maconha, né? kkkkkkk Eu estava falando da paz, do equilíbrio, da harmonia... Uma coisa que alguém disse (não me lembro quem), e é verdade, é que ninguém volta o mesmo dessa cidade. Ela tem a incrível capacidade de modificar alguma coisa dentro de nós.
Para mim, foi algo como um rito de passagem. Voltei de lá com a alma em paz, me sentindo mais maduro e bem preparado para a vida. Foi muito mais que um réveillon!
Ironicamente, eu só fotografei o portal de boas vindas da cidade quando já estávamos indo embora. Ver uma mensagem de "bem-vindos", assim, na saída, quase soa como um convite de retorno... Um reflexo, talvez, da vontade que tivemos de nos mudarmos definitivamente para lá. Fato é que nos sentimos o tempo todo em casa e com certeza voltaremos.