terça-feira, 31 de maio de 2016

NATAL - A CIDADE DO SOL






No final de 2015, tivemos dias muito estressantes. Quando chega dezembro, parece que o tempo anda mais depressa e a gente fica sem saber se são os afazeres acumulados ou a aproximação das festas, o fato é que os problemas estancam e ficam parecendo impossíveis de resolver, pelo menos em tempo hábil. Janeiro foi um pouco menos embaraçado, mas o tempo acabou sendo curto para resolver tudo o que dezembro deixou pendente. Enfim, eram as férias do Fábio e eu achava que ele merecia uma compensação por todo aquele desgaste em uma época que devia estar servindo para ele descansar.

"Uma viagem", pensei! "Vai ser perfeito passar algum tempo longe dos problemas, concentrados apenas em descobrir os prazeres de alguma região desconhecida!" Um belo dia, corri na loja da CVC, aqui perto de casa. Queria alguma coisa pra perto, que não custasse muito dinheiro e não nos desse muito trabalho para programar. Nada melhor, então, que um desses pacotes prontos de agência de turismo, embora nosso estilo geralmente esteja mais para o mochilão. Hoje em dia, viajar não é mais um privilégio de ricos. Qualquer um com um pouco de organização e boa vontade consegue. Foi assim que consegui uma promoção ótima para Natal, no Rio Grande do Norte, um destino geralmente caro (como todos no nordeste, infelizmente) e que o Fábio já havia confessado vontade de experimentar. Mas, para a minha decepção, a partida seria apenas em maio, no feriado de Corpus Christie... 

Como diz o ditado, "melhor um pássaro na mão que dois voando". Fiz surpresa para o meu amor com os pacotes. Ele ficou empolgado e nem ligou de ter de esperar tantos meses para poder, enfim, curtir alguma coisa parecida com férias. 

Passado o tempo, o dia da viagem finalmente chegou e... Não poderia ter sido melhor! Foram apenas três dias, mas valeram por um mês inteiro. Como teríamos pouco tempo, não daria pra conhecer nem um terço das atrações que Natal, a Cidade do Sol, oferece. Então eu me sentei para programar a nossa agenda para aqueles três dias e escolher, em meio a uma infinidade de possibilidades, os passeios que mais nos fariam felizes. Se vale a pena, mesmo sendo tão pouco tempo? Não tenham dúvidas de que vale! Nada melhor que voltar pra casa satisfeito e com aquela vontade gostosa de voltar.

Natal, no entanto, como qualquer outro lugar, pode ter seus percalços também. Vou deixar aqui o meu relato, minhas impressões e algumas dicas, caso você tenha a feliz ideia de se aventurar por lá também.

Nosso voo partiria do aeroporto, aqui no Rio de Janeiro, em um horário ingrato - 08:50 da manhã. Como moramos só um pouco longe (aviso de ironia), foi preciso acordar antes do sol. Eu, que sou da madrugada, nem dormi. O avião partiu na hora prevista e o voo foi tranquilo. Chegamos em Natal faltando pouco para o meio-dia... E é aqui que as dicas começam. 

Se tivéssemos viajado para Natal como costumamos fazer, por conta própria, teríamos sofrido bastante. O novo Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante fica no meio do nada! É bonito, apesar de pequeno (me lembrou muito o aeroporto de Lárnaca, no Chipre), e muito organizado, mas de difícil acesso. Simplesmente não há ônibus ou qualquer serviço de transporte público ligando o aeroporto à capital. Se você pousou lá e não tem translado para o hotel no seu pacote turístico, terá que pagar um táxi (uma verdadeira fortuna!), contratar um serviço de transfer (bem mais em conta, cerca de 50 reais por pessoa) ou alugar um carro. Alugar um carro, aliás, pode ser uma opção viável para se locomover pela cidade com mais liberdade. Não é caro e o transporte público em Natal é realmente péssimo (e olha que eu moro no Rio de Janeiro!). 

Nosso pacote tinha translado para o hotel (graças aos Deuses!!!), assim fomos conduzidos por um senhor muito simpático da Potiguar Tour (receptivo da CVC em Natal) até a van que nos transportaria até nosso Hotel, em Ponta Negra. Aqui entra outra dica importante - se você vai para Natal, fique em Ponta Negra! Quando comprei os pacotes, a agente da CVC me disse isso e eu pude confirmar chegando lá. Ponta Negra é onde existe a maior estrutura turística de Natal. É onde está concentrado o maior número de hotéis e restaurantes, além do ponto turístico símbolo de Natal, o famoso Morro do Careca, uma imensa duna que fica no final da praia. É também o lugar mais seguro e com mais coisas para fazer.

Natal é uma das cidades menos violentas do nordeste, mas ainda é Brasil e a violência, infelizmente, é uma realidade. O Centro, por ser mais antigo e ter bem menos estrutura, é um lugar mais perigoso, principalmente para quem não conhece e traz uma etiqueta de turista na testa. 

Nosso hotel, o Costa do Atlântico, é um charmoso três estrelas com clima de resort, que serve o melhor café da manhã de hotel que já vi. Dê preferência a hotéis com meia-pensão, isto é, que oferecem café da manhã incluso nas diárias. Você vai precisar! A saída para os passeios, geralmente, é de manhã bem cedo e encontrar um lugar para tomar um desjejum decente por ali não é tarefa das mais fáceis.

Voltando ao hotel, ele tem uma localização estratégica, perto da avenida principal de Ponta Negra, a Engenheiro Roberto Freire, e logo na saída para a Via Costeira, que dá acesso ao Centro e à maioria dos passeios pelo litoral norte. Os quartos são bem espaçosos e iluminados, com camas confortáveis e, em alguns casos, vista para a praia e para o já mencionado Morro do Careca da sacada. Apesar de tudo isso, a internet oferecida pelo hotel é péssima e os eletro-eletrônicos são um pouco velhos, podendo não estar funcionando muito bem... No final, a relação custo x benefício continua sendo boa. 

Vista da recepção do hotel. Ao fundo, o Morro do Careca.

Sobre os passeios, vale dizer o seguinte: eles, em geral, não são pela cidade de Natal, mas por municípios vizinhos. Maracajaú, por exemplo, fica no município de Maxaranguape. O Maior Cajueiro do Mundo está em Pirangi do Norte e o próprio aeroporto internacional não fica em Natal, mas no município que lhe empresta o nome - São Gonçalo do Amarante. Lembra do que dissemos sobre o transporte público ali em cima? Pois é, você não vai conseguir chegar nos lugares de ônibus! Táxi, nesse caso, eu consideraria fora de questão, a menos que você seja o Eike Batista antes da crise. Ou você irá de carro alugado (opção em que os passeios custarão mais barato, já que não terá de pagar o transfer), ou terá de contratar passeios com algum dos muitos receptivos turísticos de Natal. 

Esta última foi a nossa opção, em função principalmente do tempo curto, e, pelo que pudemos observar, é também a opção da maioria. Para alugar um carro numa cidade desconhecida e se aventurar por lugares ermos e possivelmente perigosos, você vai precisar de uma boa dose de coragem. Se estiver interessado em alguma coisa mais tranquila, os receptivos são a escolha para você. Eles vão te buscar no seu hotel (dependendo do passeio escolhido, antes das oito da manhã!), e depois te deixam lá de volta. O valor adicional que os receptivos cobram pelo translado até os locais é, geralmente, de 55 reais. Por ida e volta, fica bem mais barato do que você pagaria pelo translado apenas do aeroporto até o hotel e, com certeza, mais barato que o táxi.

Táxi é uma coisa cara em qualquer lugar do mundo, mas em Natal é realmente caro e, em maio de 2016, quando fizemos a nossa viagem, a cidade ainda não contava com o serviço do uber. 

Outra vantagem dos receptivos turísticos são os guias que acompanham os passeios. Eles quase sempre são personificações da simpatia e acabam nos passando muita coisa sobre a história da cidade e dos lugares que visitamos. Se você, como eu, se liga em história, esse é um detalhe que não vai querer deixar passar... Mas, fique atento! Simplesmente caminhando pela orla de Ponta Negra, na Av. Engenheiro Roberto Freire, ou em praticamente qualquer lugar, você será abordado, de cinco em cinco minutos (se tiver sorte), por verdadeiras hordas de representantes de milhares de pequenos receptivos turísticos tentando te vender passeios de buggy pelas dunas de Genipabú, praia da Pipa, Cacimbinhas, Maracajaú, etc. Algumas vezes, por preços bastante convidativos, consideravelmente mais baixos que os cobrados pelos grandes receptivos, como a Marazul, Luck e Potiguar. NÃO recomendo contratar passeios com essas empresas.   

Sabe aquela história de "o barato acaba saindo caro"? Pois é... O TripAdvisor está cheio de relatos de viajantes que contrataram passeios por esses receptivos menores e se arrependeram. Acontece de tudo, desde bugueiros que não passam por todos os pontos que fazem parte do passeio até bugueiros e guias que, com conchavos com assaltantes, levam os turistas para verdadeiras armadilhas. Tome cuidado com isso! No final, a história é sempre a mesma - filho feio não tem pai, ninguém se responsabiliza e o seu caso vai virar estatística... 

Recomendo contratar passeios com algum dos grandes receptivos já mencionados (Marazul, Luck, Potiguar...). Você não terá aborrecimentos e ainda pode contratar com antecedência, antes de viajar, pagando, inclusive, parcelado no cartão de crédito. Algumas agências de turismo já vendem pacotes com alguns passeios inclusos (o City Tour é onipresente) e, dependendo do tempo que você terá disponível, alguns receptivos oferecem pacotes de passeios, que, assim, acabam ficando bem mais em conta. 

NOSSO ROTEIRO


Chegamos em Natal perto do meio-dia. Tarde demais para quase qualquer passeio, cedo demais para terminar o dia na piscina do hotel. Como nosso avião partiria cedo no domingo, de volta para o Rio de Janeiro, eu não queria perder a quinta-feira e ficar com apenas dois dias para curtir a cidade... Pesquisando na internet, descobri a Potengi Tur (site aqui), que faz passeios de catamarã no rio Potengi. O rio Potengi é responsável pelo estado se chamar Rio Grande do Norte. Potengi, em português, significa "água de camarão", assim como potiguar quer dizer "comedor de camarão". Daí a principal iguaria culinária da região ser mesmo o camarão, que dá nome, inclusive, ao mais famoso restaurante da cidade, o Camarões

Os passeios saem do Iate Clube do Natal, que fica ao lado de uma base militar da Marinha, e estavam custando 50 R$ por pessoa quando estivemos lá (é bom levar dinheiro, eles não têm máquina de cartão e não há bancos nas redondezas). Diariamente, acontecem duas saídas, uma de manhã, às 09:30, outra ao entardecer, às 16:30 - consideravelmente mais procurada por conta do famoso pôr do sol no rio Potengi, que é realmente um espetáculo da natureza. 

Alguns receptivos turísticos fazem parada no Iate Clube para este passeio, que é opcional e não está incluso no City Tour, mas apenas na saída matinal. Então, se você quiser testemunhar o pôr do sol realmente mais lindo que já vi, terá de ir por conta própria... Algo que descobri apenas no local e, como sou um anjo de candura, vou contar pra vocês aqui: a Potengi Tur faz translado para este passeio. Acho que não é de graça, como no caso de alguns restaurantes (sim, a coisa do transporte público em Natal é tão séria que alguns restaurantes oferecem translado do e para os hotéis gratuitamente), mas, lembre-se, você está em Natal, transporte público é uma aventura! Além disso, algumas indicações de guias e receptivos também podem fazer o passeio acabar saindo mais barato... Vale a pena se informar! 


Vista do rio Potengi, da marina do Iate Clube.

Marina do Iate Clube. Ao fundo, a ponte Newton Navarro.

Ponte Newton Navarro, vista do rio Potengi.

Não há filtros nesta foto, é realmente o pôr do sol mais lindo que já vi.

Dispensa comentários...

Meu amor na marina do Clube.

Ponte Newton Navarro ao entardecer. Ela fica linda com a projeção de luzes multicores.

Depois do passeio pelo rio, escolhi o restaurante Curva do Vento para jantarmos. Sabe, viajar, para mim, também é fazer roteiros gastronômicos. Eu realmente gosto de me sentir em outro lugar e essa experiência passa por provar os sabores típicos da região. Natal oferece um vasto universo de possibilidades nesse sentido, principalmente em Ponta Negra, onde se concentra a maior massa de restaurantes. Então eu acho que vale a pena dar uma pesquisada no TripAdvisor para ver as opções e escolher aquilo que mais combina com você e sua(s) companhia(s).

O Curva do Vento é um lugar perfeito para nós. Ao mesmo tempo sofisticado e alternativo, romântico e descontraído, a decoração remete a uma atmosfera meio mística... Há várias luminárias de tipos diferentes espalhadas por todos os lugares, sinos dos ventos, apanhadores de sonhos, deuses indianos dividindo o espaço com santos católicos e, sobre as mesas, velas para dar um clima mais intimista. O lugar tem música ao vivo, da melhor qualidade, com um repertório incomum para Natal, que passeia pelo pop, rock e MPB, e, melhor de tudo, não é alto o suficiente para incomodar sua conversa. É bom para ir tanto de casal quanto para fazer uma divertida reunião de amigos. 

Os preços não são nada exorbitantes. Na verdade, o cardápio tem opções muito acessíveis, inclusive de bebidas e drinks. A casa é especializada em pizzas, que dizem ser a melhor da região, e em batatas rostie. Na ocasião, fomos de batata e não nos arrependemos! Atendimento excelente, comida deliciosa e super bem servida. Uma batata é suficiente para duas pessoas. Existe certa demora na entrega dos pedidos, nada muito grave, mas que pode incomodar algumas pessoas. Eu, pessoalmente, acho que se você está de férias, curtindo a noite potiguar, não tem porque ter pressa. O Curva do Vento se tornou um dos meus lugares preferidos, seguido bem de perto pela Casa de Taipa, da qual falaremos mais adiante.  





No dia seguinte nós fizemos o City Tour que já estava incluso no nosso pacote pelo receptivo da CVC em Natal, a Potiguar Tour. Sempre muito pontuais, eles vieram nos buscar no hotel às 08:30, conforme o combinado, e nos levaram para conhecer inúmeros pontos históricos da cidade, alguns dos quais, é bem verdade, já havíamos visto no dia anterior, durante o passeio pelo rio Potengi. Mesmo assim, a Centro de Artesanato da cidade, que funciona numa antiga prisão, é surpreendente e você pode perder algum $$$ lá, se, como eu, for maluco por coisinhas! Outro ponto deslumbrante é a vista que se tem da Ladeira do Sol, que foi construída sobre uma gigantesca falésia... Mas, para nós, a grande estrela do dia foi mesmo o Cajueiro de Pirangi, mais conhecido como Maior Cajueiro do Mundo. 

Você escuta "Maior Cajueiro do Mundo" e isso não parece grande coisa. Você pensa, "ah, é só uma árvore grande"... Aí você começa a ver algumas fotos, aqui e ali, geralmente de cima do cajueiro, e pensa, "peraí, mas isso é um cajueiro? Mais parece uma floresta!" Sim, meus queridos, a árvore ocupa um espaço, atualmente, de 8.500 m², mais que um campo de futebol, e, se não tivessem criado contenções, ela certamente continuaria crescendo! Há quem tenha dificuldades de acreditar que seja mesmo uma árvore só, porque é realmente uma coisa impressionante.

O cajueiro tem uma anomalia que os botânicos chamaram de fitoteratológica. Essa anomalia, que faz do Cajueiro de Pirangi um espécime único no mundo, faz com que alguns de seus galhos, ao invés de crescerem para cima, buscando a luz do sol, cresçam para baixo, enraizando ao tocar o solo e se tornando pequenos novos troncos. Essas novas raízes, com cerca de 2 metros de profundidade, auxiliam na alimentação da planta e alguns de seus galhos, num continuum ininterrupto, também crescem para baixo, enraizando mais uma vez e assim por diante. Apesar dos sucessivos enraizamentos, esses galhos não se tornam árvores autônomas, como poderia se pensar, mas continuam dependentes do tronco principal, cujas raízes alcançam cerca de 25 metros de profundidade!

O Cajueiro, que criou um ecossistema próprio em torno de si, com inúmeras espécies que dependem dele pra viver, já está com aproximadamente 120 anos e continua produzindo cajus. Algo em torno de 80.000 por temporada, entre os meses de novembro e fevereiro.



O tronco principal, coração do Cajueiro.



Emaranhado de galhos que serpenteiam para cima e para baixo.


O Cajueiro visto de cima: um imenso lençol verde.

Depois da visita ao Cajueiro de Pirangi, hora de almoçar. Todos os receptivos turísticos de Natal, no City Tour, fazem ponto de apoio no restaurante Marina Badauê, que fica em frente ao Cajueiro. Como todos os pontos de apoio, o Marina tem uma ótima estrutura turística, assim como preços turísticos, se é que você me entende. Fuja dos pontos de apoio sempre que possível. A comida é cara demais e costuma ser medíocre, não vale o preço que cobram. Em algumas circunstâncias, isso não será possível, mas em Pirangi do Norte, se você andar apenas alguns metros na direção contrária ao Cajueiro, na mesma rua do Marina Badauê, esquerda de quem está de frente para o mar, vai encontrar o tradicional restaurante Amarelinho Grill, famoso por servir a melhor carne de sol de Natal. O preço? 42 R$ para dois, quando estivemos lá!

O restaurante, em si, é bem simples, mas, não se engane, a comida é ótima e tanto os garçons quanto os fregueses do lugar farão com que você se sinta em casa. Destaque para a paçoca nordestina, que não é feita de amendoim e faz parte dos acompanhamentos - uma delícia!

Restaurante Amarelinho Grill, em Pirangi do Norte.
   
Para não dizerem que eu não disse nada de bom do Marina Badauê, partem de lá passeios de catamarã e lancha pela praia de Pirangi e algumas outras da região. De acordo com a maré, existe a possibilidade de mergulhar em piscinas naturais que se formam nos arrecifes de corais, a cerca de 800 metros da costa, usando snorkel, já incluso no valor do passeio. Não incluso no valor, que gira em torno de 70 R$ por pessoa, podendo ser um pouco menos, está o aluguel das sandálias tipo timberland, recomendadas para você poder pisar nos arrecifes de corais. O aluguel da sandália custa apenas 3 R$ e você pode achar uma boa ideia, já que, se não fossem suficientes os ouriços que algumas vezes vivem nos corais, os próprios corais cortam e a ferida que eles fazem não cicatriza!

O passeio do Marina Badauê dura em média duas horas. Como no caso do passeio pelo rio Potengi, é opcional e não está incluso no valor do City Tour. O ônibus de volta para Natal só parte após todos haverem retornado do passeio, lá pelas 16:30, então você não precisa se preocupar. Dá tempo.

Nós não fizemos esse passeio. Como iríamos, no dia seguinte, mergulhar nos Parrachos de Maracajaú, preferimos olhar o Cajueiro e a feira de artesanato que existe ao lado com bastante calma (comprei uns descansos de panela lindos!!!). Abaixo, um vídeo desse passeio do Marina, caso você esteja querendo se informar melhor. Se quiser desligar a música, o player está no final do post, tudo bem?


CASA DE TAIPA


À noite, depois do City Tour, bateu aquela fome e foi a vez de conhecermos a tapiocaria e cuscuzeria Casa de Taipa. Por ser uma tapiocaria, algumas pessoas podem achar que se trata de uma casa de lanches. Nada mais longe da verdade... A Casa de Taipa é um restaurante. E um dos restaurantes mais incríveis que já tive o prazer de conhecer.

A exemplo do Curva do Vento, a Casa de Taipa consegue combinar sofisticação e alternativismo no mesmo conceito de decoração. Mas a pegada, aqui, não é mística, como no Curva, é regional. Toda a decoração é feita com inspiração nordestina, com cestos, esteiras, bambus, areia, fitas coloridas, bonecas de pano e paredes que imitam, realmente, uma casa de taipa. É um lugar muito bacana!

Ao lado do restaurante, dentro da mesma propriedade, existe ainda uma loja de arte local, onde você poderá ver belíssimas esculturas em madeira, cerâmica, além de muitos outros itens interessantes (embora um pouco mais caros do que de verdade deveriam ser...).

Por se tratar de um restaurante, os preços não são muito baixos. Cada tapioca equivale a uma refeição e, aqui, elas são individuais, mas também não é nada muito fora da realidade. O grande lance é que eles servem, sem demagogia, a melhor tapioca que eu já comi na minha vida!

O atendimento é ótimo e os pedidos são entregues consideravelmente mais rápido que no Curva do Vento.

Vista externa do restaurante, quase de frente para a saída da Via Costeira.

Ambiente externo.

Ambiente interno, onde nós ficamos.

É sério, foi a melhor tapioca da minha vida.

Depois da Casa de Taipa, só de gula, resolvemos conhecer outro lugar bastante comentado de Natal, o Mr. Mostarda. O Mr. Mostarda é uma lanchonete, famosa por servir o "casadinho", de açaí com creme de cupuaçú. Se você é como eu, apaixonado por delícias locais, não pode deixar de provar esta iguaria.

Casadinho de açaí com creme de cupuaçu, do Mr. Mostarda.
Mas encontrar o Mr. Mostarda acabou se revelando um teste de paciência para nós... As pessoas, em Natal, são extremamente agradáveis e fazem questão de ser simpáticas o tempo todo, mas definitivamente não sabem dar informações. Perguntamos à dezenas de pessoas e ninguém conhecia a lanchonete ou o Shopping Via Mar, onde ela está localizada. Para ajudar, a localização no Google Maps está errada em pelo menos uns três quilômetros, embora o endereço, felizmente, esteja correto. Não que isso tenha ajudado muito, na verdade... As casas e comércios em Natal quase nunca trazem número na fachada e nós perguntamos a alguns vendedores que, acreditem, simplesmente não sabiam o endereço do lugar onde estavam trabalhando!

Por fim, depois de algum (considerável) esforço, conseguimos encontrar o Mr. Mostarda. Ele está realmente no Shopping Via Mar, na Avenida Engenheiro Roberto Freire (a principal, lembram?), número 5052. Como quem vai no sentido do Morro do Careca, esse Shopping fica exatamente na esquina que dá acesso à orla de Ponta Negra. Sabendo disso, não tem erro!



Além do delicioso casadinho, que vale muito a pena experimentar, a lanchonete serve, também, ótimos sanduíches por um preço super acessível. É possível pedir, por exemplo, um super X-Tudão, que custa 26 R$ e serve nada menos que 4 pessoas! O creme de cupuaçu, sem o açaí, também é delicioso.

PARRACHOS DE MARACAJAÚ


No dia seguinte, sábado, fomos para os Parrachos de Maracajaú. Contratamos o passeio com a Marazul, pelo telefone, super rapidinho e sem burocracia. Você pode pagar direto com o guia, no dia do passeio. Na verdade, o motivo de termos contratado a Marazul e não a Potiguar foi que não queríamos ir para Maracajaú, mas para Peróbas, onde também existe uns parrachos para mergulhar e é consideravelmente mais vazio, já que pouca gente conhece o lugar e nem todos os receptivos fazem passeios para lá. Aconteceu que esse fator, muito atraente para mim, acabou trabalhando contra nós... Não houve procura o suficiente para Peróbas naquele feriado e acabamos tendo de ir para o badalado mergulho de Maracajaú.

Sempre pontual, o guia da Marazul chegou na recepção do nosso hotel com dez minutos de antecedência. Como foi o passeio mais madrugadoiro (a saída era às 07:40 da manhã!!!), depois da aventura para achar o Mr. Mostarda na noite anterior, quase não conseguimos tomar café da manhã!

Percalços matinais a parte, como os horários dos passeios para mergulho estão sujeitos às marés e o nosso seria às 14:00, nossa primeira parada seria numa fazenda em Barra de Punaú, perto de Maracajaú, onde passaríamos a manhã. De início, não gostei muito da ideia. Disseram que o lugar, a tal Fazenda Punaú, havia ficado famosa por causa de uns comerciais que foram gravados lá nos anos 90 e agora ela estava voltando a fazer parte do circuito turístico de Natal, mas eu fiquei achando que aquilo era enrolação... Como é bom estar errado!

Bem, vocês devem se lembrar do que eu disse sobre pontos de apoio, certo? A Fazenda Punaú é um desses pontos de apoio dos receptivos turísticos de Natal. E, no caso, não existe mais nada ali perto, nada mesmo, o que obriga você a comer naquele restaurante e a usar os serviços que ele oferece. A coisa, aqui, não foge à regra, a comida é cara e medíocre, nada demais, nada de especial, mas o atendimento, pelo menos, é bom. Você pode agendar um horário para almoçar assim que chegar, evitando atrasos na hora de seguir viagem.

Agora, uma vez observados esses pontos, vale dizer que o lugar é um verdadeiro paraíso! Cercado por dunas, é cortado por um rio, o Rio do Fogo, que em suas partes mais rasas, quando iluminado pela luz do sol, assume uma cor que o faz parecer um rio de ouro! Um rio que corre serenamente em direção ao mar verde-jade, de águas calmas, mornas e areias semi-desertas, poucos metros a frente.

O fenômeno do encontro das águas do rio com o mar é a coisa mais linda de se ver. Já perto do mar, o rio abandona a cor do ouro e assume um intenso azul-turquesa, que se choca e se dissolve no verde cristalino das águas salgadas.

As águas douradas do Rio do Fogo.

Águas rasas e deliciosamente mornas.

Ao fundo, à direita, as dunas de areia.

Perto do mar, o rio, outrora dourado, torna-se azul-turquesa.
O encontro do azul com o verde, do doce com o salgado.

A Fazenda Punaú também oferece uma série de opções de lazer. Você pode, por exemplo, fazer uma massagem relaxante no quiosque do gramado ou olhar as barracas de artesanato em que são vendidas belas esculturas de madeira, redes e roupas de cama bordadas à mão. Se estiver a fim de algo um pouco mais agitado, pode optar pela dupla dinâmica de Natal, skibunda e aerobunda no Rio do Fogo (5 R$ cada, por pessoa), ou um passeio pelas dunas, que pode ser a cavalo (30 R$ por pessoa, se eu não estiver enganado), de buggy (140 R$ para 4 pessoas, necessariamente), ou de quadriciclo (70 R$ para duas pessoas).

Como somos um pouco anti-sociais e não queríamos dividir nosso passeio com mais ninguém, optamos pelo quadriciclo. O que acabou sendo melhor, também, porque o buggy precisa de um condutor, um bugueiro experiente, e o quadriciclo eu mesmo podia dirigir. É muito fácil, divertido e, principalmente, coloca você no controle do nível de "emoção" (sim, eu tenho medo dos passeios "com emoção" dos bugueiros de Natal. kkk).

Para dirigir o quadriciclo, usa-se apenas acelerador e freio, como num carro automático. É como pilotar uma bicicleta motorizada com quatro rodas! Ao longo do percurso, de mais ou menos uns 40 minutos, que é orientado por um guia experiente naquelas dunas, um rapaz que acompanha o grupo numa moto vai fazendo fotos. No final, se quiser, você pode comprar o CD que ele faz com as suas fotos. Custa 40 R$, mas é opcional. Você também pode, como nós, ficar apenas com as fotos que o guia faz durante o passeio no seu próprio tablet, câmera ou celular.







Depois do passeio de quadriciclo, ainda sobrou tempo para curtir um pouco aquela praia maravilhosa antes de almoçar!





Após o almoço, seguimos para Maracajaú. Era aproximadamente 13:20 e a viagem até lá levou coisa de meia hora. Maracajaú já não é um lugar tão isolado e vazio quanto Barra de Punaú. Existe lá, também, um ponto de apoio, no restaurante e pousada Portal de Maracajaú, de onde partem os passeios para os Parrachos, mas o lugar em volta tem alguma estrutura, de maneira que você pode se aventurar e almoçar em outro lugar, provavelmente pagando menos e comendo melhor.

No entanto, prestem atenção, eu desaconselho completamente incursões por Maracajaú sem a companhia de um guia de confiança. O lugar é esquisito e existem inúmeros relatos de assaltos. Lá também existem passeios de quadriciclo e buggy pelas dunas... Não fiz, não faria e não recomendo fazer. Li histórias horrorosas de pessoas que foram assaltadas no meio das dunas, em pleno passeio, por grupos de bandidos usando máscaras e uniformes militares, fortemente armados. Segundo alguns relatos, o sinal de telefone por lá também não costuma funcionar, o que agrava a situação e pode deixar você e sua família a mercê de uma situação, na melhor das hipóteses, muito desagradável.

Vá para o ponto de apoio e tente sair de lá apenas para o ônibus ou van que te levará de volta para o seu hotel, tudo bem?

Observados esses pontos, muito importantes, prepare-se para curtir o melhor passeio de Natal. Li isso de muitas pessoas antes de ir e agora, com conhecimento de causa, posso dizer que é verdade. Você terá de andar um pouco praia adentro para subir a bordo do catamarã, já que no local não existe marina. Depois disso, são sete quilômetros mar adentro até os famosos Parrachos, onde existe uma base fixa, que conta com um barzinho que serve espetos e cerveja. São aproximadamente 40 minutos de viagem até o lugar dos mergulhos. A viagem até lá, em si, é muito gostosa, e os guias aproveitam esse tempo para ensinar como usar o snorkel e também para tentar vender um opcional, não incluso no passeio, de mergulho com cilindro (o chamado "batismo", 100 R$ por pessoa, com certificado). Mas nada pode realmente preparar você para o que irá encontrar ao chegar nos Parrachos.

Em pleno alto mar, uma piscina de mais ou menos 2,5 metros de profundidade, com águas translúcidas, recifes de corais e muita, mas muita vida marinha. É de tirar o fôlego! Levou certo tempo até cair a ficha de que eu estava realmente vendo aquilo tudo, não eram fotografias nem imagens de TV.

A água, como na praia, é deliciosamente morna e, quando você finalmente mergulha, outro impacto - são tantas coisas lá embaixo que nossos olhos não conseguem ver de cima! Eu me senti espiando um mundo, outro mundo. Um mundo sagrado, lindo, rico, normalmente inacessível aos nossos olhos!


As manchas mais escuras na água são os arrecifes de corais.








Uma das melhores experiências da minha vida... Como vocês puderam ver, existe uma pessoa em todos os passeios que faz fotos subaquáticas. Mas, diferente do rapaz de Barra de Punaú, aqui você precisa pedir. E encontrar o fotógrafo pode ser uma tarefa trabalhosa, já que ele é um só e é muito requisitado. Acho que dá pra entender porque, né?

O preço do CD com as fotos também é 40 R$. São oito fotos e você pega depois do passeio, na saída do restaurante. Dessa vez, eu fiz questão de pagar!


A DESPEDIDA


Depois desse passeio maravilhoso nos Parrachos de Maracajaú, nós chegamos de volta ao hotel cansados e um pouco tristes... Afinal, a nossa viagem estava chegando ao fim. No dia seguinte, o pessoal da Potiguar Tour estaria cedo na recepção para nos levar ao aeroporto, então precisávamos fazer alguma coisa para dizer "até logo" a Natal em grande estilo. Para finalizar esse nosso feriado mais que especial, escolhi um bar "pé na areia" muito charmoso, que fica em Ponta Negra, do lado do Morro do Careca, o Old Five

Confesso que tive um pouco de receio, afinal os próprios moradores não recomendam a orla de Ponta Negra depois das 21:00. Não existe policiamento e, novamente, sobram relatos de assaltos e atos de violência. Para chegar ao Old Five, é necessário caminhar por todo o calçadão de Ponta Negra e, findo o calçadão, andar por mais uns poucos metros na areia da praia. O bar fica literalmente do lado do Morro do Careca.

Como era sábado de um feriado prolongado, a orla estava bastante movimentada. Isso me deu mais confiança. Mesmo assim, procurei ir cedo, para estar voltando pelo menos antes das 22:00. 

O Old Five é outro lugar sui generis em Natal. Durante o dia, um bar "pé na areia", que oferece cangas e mesas com guarda-sóis. À noite, se transforma num restaurante à beira mar, revestido de uma atmosfera mais sofisticada, com música ao vivo de excelente qualidade e luz de velas nas mesas e archotes fincados na areia ao redor. Além disso, possui uma simpática varanda com lindas e confortáveis mesas e cadeiras de vime, que só colaboram para criar um clima romântico e intimista. 

Não é um lugar barato para comer. Não chega a ter preços de um restaurante sofisticado do Rio ou de São Paulo, mas também não é barato. Além disso, o cardápio oferece poucas, embora muito saborosas, opções. A estrela do lugar são mesmo os drinks, com grande destaque para as caipirinhas de frutas locais. O atendimento é primoroso e os pedidos são entregues no tempo certo para um restaurante praiano, nem rápido nem lento demais. 

Se você estiver a fim de uma noite romântica e muito agradável, super vale a pena ir até lá. Não há outro bar como esse em Natal. Mas, lembre-se, procure ir em dias mais movimentados e não vá muito tarde. 







Nessa noite saímos sem câmeras e celulares, por isso não há fotos nossas. Essas imagens, assim como algumas outras, sobretudo de restaurantes, foram tiradas da internet, mas representam perfeitamente os lugares que visitamos.

De onde nós enxergamos, é muito difícil para um turista aproveitar as noitadas de Natal. Há, pelo que sabemos, duas ótimas casas noturnas lá, a Peppers Hall, mais famosa, e o Taverna Pub, que fica na mesma rua do Curva do Vento e eu, pessoalmente, fiquei muito curioso para conhecer; parece ser o meu tipo de lugar. Mas como a nossa prioridade eram os passeios de ecoturismo que todo mundo quer fazer em Natal, não teve chance. Eu já pareço um zumbi de manhã sem ter virado a noite! Mas, caso você seja diferente de mim, estão dadas as dicas. O Taverna Pub parece um castelo medieval, é bem legal!

Se você estiver indo para a Cidade do Sol, onde há sol e calor o ano inteiro, desejo que você faça uma excelente viagem, como nós fizemos, e volte de lá com muita história boa pra contar! Qualquer dúvida, pergunta aí embaixo ou manda um e-mail. Se eu souber, respondo com prazer. :)

Até o próximo destino!