"Ouçam-me, vós, Senhoras da floresta intocada de Helicon
Bravas filhas de Zeus, Magnífico!
Abram suas asas e, com mágicas palavras, seduzam seu irmão,
Febo de louras melenas, que acompanhado pelas ilustres donzelas de Delfos, começa a sua jornada nos picos gêmeos do Parnasso para ir até as águas cristalinas de Castália, atravessando,
pelo promontório délfico, o auge profético.
Eis gloriosa Ática, nação da grande cidade que,
pelas graças da guerreira Tritônia,
Ocupa uma encosta protegida de todo o mal.
No altar sagrado, Hefestos consome as coxas de novilhos,
misturado às chamas, o vapor arábio eleva-se em direção ao Olimpo.
O lotus, de agudo farfalhar, murmura alto a sua canção, e a lira dourada, com melodiosa doçura, responde à voz dos homens.
E todo o exército dos poetas, moradores da Ática, cantam a sua glória, deus famoso por tocar a lira, filho do grande Zeus, ao lado deste pico coroado de neve, oh, tu revelas a todos os mortais os oráculos eternos e infalíveis.
Eles cantam como conquistaste o profético tripé, guardado pelo violento dragão, quando, com tuas setas, perfuraste o impressionante monstro, tortuosamente enrolado, de modo que, proferindo muitos silvos temerosos, a besta expirou.
Eles cantam também..."
(138 a.E.C., autor desconhecido.)
O fragmento apresentado, em livre tradução, foi encontrado gravado em pedra, no tesouro dos atenienses do santuário de Apollo, em Delfos. Lamentavelmente, está incompleto. Sobre seu autor, sabe-se apenas que era ateniense. Constitui o mais antigo registro da música helena que chegou até os nossos dias e pode ser representado, em uma melodia bastante próxima da original, graças às notações musicais que estão gravadas junto com a letra.
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