Em agosto deste ano, apareceu
para mim uma oferta na forma de um daqueles anúncios do Facebook. A oferta
tinha o seguinte nome “cardigã imperador”. Tratava-se, como vocês podem ver na
imagem, de um casaco com um estilo diferente, inspirado, talvez, numa algibeira
ou num casaco medieval. Como gosto dessas coisas, fiquei seduzido e cliquei
para comprar.
O site que fazia a venda desse
cardigã imperador era o OneVesst.com. Paguei no cartão de crédito e, no mesmo
dia, recebi um e-mail com a confirmação do pagamento. Minha via crucis estava começando...
De acordo com os prazos
estabelecidos pelo próprio site, eu deveria receber um e-mail com o código de
rastreamento da minha encomenda em até 14 dias. Isso nunca aconteceu. Passados
dois meses da data da compra, resolvi entrar em contato com o SAC da empresa
para verificar se meu código de rastreio já estava disponível. Qual não foi a
minha surpresa ao constatar que o único canal de atendimento que havia era um
endereço de e-mail, para o qual escrevi e jamais obtive qualquer resposta.
Estamos em dezembro, eu ainda não
recebi nenhum retorno do tal site e provavelmente não vou receber. Uma pesquisa
rápida na internet revela números alarmantes (e se eu tivesse feito essa
pesquisa antes, teria me poupado do aborrecimento e do prejuízo), são centenas
de reclamações no site Reclame Aqui, a maioria não respondida. Existe até um
grupo no Facebook, chamado Contra OneVesst, que reúne pessoas que já foram
lesadas e esperam alguma forma de reparação ou justiça.
O modus operandi varia pouco.
Eles normalmente não enviam código de rastreamento algum, e não respondem as
tentativas de contato. Em alguns casos, enviam o código e chegam a responder
algumas mensagens, sempre de maneira vaga e insatisfatória. Algumas vezes, o
produto a que se refere o código extravia, ou vai parar num lugar completamente
diferente do endereço informado (algumas vezes em outros estados). Noutras
vezes, a pessoa até chega a receber alguma coisa, geralmente bastante diferente
do que comprou. Uma minoria fica satisfeita após, geralmente, seis a oito
meses de espera. Mas a infinita maioria não recebe nada, nem resposta, nem
produto, nem o seu dinheiro de volta.
Eu descobri, após olhar o site
com mais atenção, que eles estão (ou dizem estar) sediados na China. Não há
nenhum CNPJ, ou seja, eles não poderiam, legalmente, estar comercializando nada
no Brasil. Ainda assim, o site vende em português do Brasil e aceita cartão de
crédito nacional. É preciso mais para configurar um golpe?
Em procura ao Procon, uma das
vítimas obteve a seguinte resposta:
Ora, mas, repito, o site vende em
português brasileiro, para brasileiros, aceitando pagamento em reais. Talvez
isto realmente não seja um caso para o Procon, já que, por uma série de
entraves legais, não há muito o que eles possam fazer. Mas certamente este
seria um caso para a Polícia Federal. Por que, então, nossas autoridades não
tomam alguma providência contra estes estelionatários, que vêm aplicando golpes
há mais de um ano? Simplesmente porque nosso país tem uma cultura política desgraçada,
que enxerga o povo como engrenagem numa máquina que eles operam apenas para
benefício próprio, e esta é uma das coisas que tornam o nosso país um dos
lugares mais prolíficos do mundo para a aplicação de golpes do todo tipo.
Recentemente, o site OneVesst.com
saiu do ar, não sei se retirado por alguma ação das autoridades brasileiras (o
que eu duvido), ou dos próprios golpistas, que perceberam que o negócio já
estava comprometido, uma vez que o número de pessoas lesadas é realmente enorme
e a propaganda negativa deve estar começando a funcionar. Neste segundo caso,
que eu, infelizmente, considero o mais provável, o que vocês acham que eles, os bandidos, farão a seguir?
É isto mesmo, vão, certamente,
criar outro site, com outro nome, e começar um novo ciclo de vítimas e golpes.
É por causa disso que decidi escrever este post. Fiquem atentos! Ao comprar em
sites localizados fora do país, você não estará protegido pelo Código de Defesa
do Consumidor. Existem empresas idôneas, mas também existem muitos
estelionatários. Se a “empresa” informar sede em algum país distante, oferecer
apenas um e-mail como canal de comunicação com o cliente, não tiver CNPJ
verificável, mas, ainda assim, vender em português e aceitar real como forma de
pagamento, NÃO COMPRE, pois é quase certo de ser golpe!
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