domingo, 24 de agosto de 2014

HINO CAPÉLICO I, A LILITH



Ó, Musas, valham-me nesta noite sem lua. É à Lilith que dedico as profundezas do meu canto.

Noite silenciosa. Sensação de ameaça. Um vento seco e um pio rasga o ar.

Ave de Rapina. Deita Suas asas sobre a presa que se debate.

Senhora das Corujas. Amante das Feras da Noite.

Vento da Madrugada, que sopra silencioso e corre sem sair do lugar.

Agouro dos Injustos, Flagelo dos Perniciosos. Guardiã dos Segredos da Alma. A Boa Carcereira.

Ouve o meu chamado.

Lua Negra, do alo ensanguentado.

Devoradora da Prole Desalmada, que se assenta aos pés da árvore de Inanna.

Tu, que cavalgas o pássaro da noite e dominas os caminhos do Abismo.

Conhecedora de todas as razões. A que conhece cada canto do insondável labirinto das paixões.

Outra face do amor. Senhora que não teme a própria força. Não se constrange ante a face do poder.

Olhos que devolvem o olhar. Espelho do ego. Consorte daquele que anuncia a luz.

Que sob os galhos da Árvore da Vida as sombras não se ocultem. Possas tu alimentar-se da sujeira que habita e corrói a alma humana.

Vingadora dos Injustiçados. Dominadora do Caos.

Cobrador encontre o devedor. Nenhuma ação desconheça a paga, como a presa não desconhece o predador. 

Aos justos, a chama flamejante do archote. Aos injustos, tua visita aos pés da cama, até na hora da morte.  


Um comentário:

  1. Nossa, esse hino ficou fantástico. Deu arrepios lê-lo. Acho q alguem só o faria em um momento de desespero ou se fosse muito autoconfiante, ele é ao mesmo tempo a luz no fim do túnel e a ameaça de q o trem pode passar a qualquer momento.

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